Porto Alegre é uma viagem. Mesmo com 240 anos, nela ainda se vê extremos estranhos a uma metrópole. Temos um trânsito com ritmo autogalopante, entre carros, bikes e carroças, passando por gente engravatada trabalhando e tomando chimarrão, feito peão.
Muitos passam diariamente pela grande porteira do Centro Histórico da cidade, o Viaduto Otávio Rocha. Esse baita monumento fez oitenta anos em 2012, um terço da idade da minha cidade natal. Falando nisso, bem que perto do Natal -dezembro é mês de aniversário do viaduto – poderiam iluminar com luzinhas as suas escadarias. E para a festa, chamar o Vitor Ramil, Nei Lisboa, Bebeto Alves e tal, que tocariam num palco lá de cima, na Duque. Tri legal.
Entrando no clima da cidade, temos quem se gripe em meio a variações de noites geladas antecedendo dias de cozimento lento da nossa espécie, ao bafo, quando o pessoal que anda pela Rua da Praia entra nas Americanas, Renner e C&A só para tomar um ar gelado. Sendo num domingo, o jeito é fugir para as praias do extremo sul da capital, hoje novamente balneáveis.
Belém Novo é um desses balneários, distante uma hora e tanto do centro, usando-se a linha 268 que, olha só, sai bem ali do pé do viaduto. Uma viagem de 28 km capaz de transformar o cara urbano num vivente rural, dentro da mesma cidade. Passando pela Sociedade Hípica e pelo Aeroclube, o desembarque ocorre numa das regiões com maior concentração de cavalos crioulos do mundo, me disse um criador de ovelhas de lá. Coisa guasca.
Mas a modernidade está chegando: parece que um dia terá transporte de lotação até Belém, com ar condicionado e tudo; um catamarã do centro ao extremo sul, pelo lago Guaíba; e outra ponte sobre ele, ouvi uma ex-governante dizer na rádio tempos atrás, fazendo um baita atalho do Lami à Barra do Ribeiro. É… mesmo com tantos extremos, nessa cidade querida tudo se liga. Que viagem.
Renato Pereira Jr.
Publicitário, morador de Belém Novo e recente dono de bar