Belém Novo

A Igreja de Belém Novo

Igreja N. Sra. de Belém NovoNa fundação de uma nova povoação em épocas passadas, sempre ocupava lugar de destaque a igreja, que se tornava o centro da vida social e religiosa. É o que também aconteceu em Belém Novo.
Em 1º de agosto de 1876, um mês depois da escrituração dos terrenos, o Presidente da Província nomeou a comissão construtora da Igreja de Belém Novo e remeteu o seguinte ofício de nº 3094 a Inácio Antônio da Silva:

“Tendo Vossa Mercê doado no lugar Arado Velho, o terreno necessário para a fundação da Igreja da Freguesia de Belém, nomeio agora uma comissão para encarregar-se de lançar os fundamentos da mesma igreja por donativos particulares, que essa comissão obtiver, prosseguindo nos trabalhos de edificação dessa mesma igreja, conforme os meios que puder alcançar, até que a Província puder auxiliar essa obra com qualquer quantia, que para esse fim a assembléia provincial houver de decretar.

A sobredita comissão se comporá de Vossa Mercê como doador dos terrenos e iniciador da obra, do Revdo. Vigário da Freguesia Barnabé Corrêa da Câmara e dos cidadãos Manuel Antônio Fagundes, João Batista de Magalhães e Luiz Belmiro da Silva Rosa. Envio a planta da povoação futura, bem como a da Matriz, a fim de que a comissão por ela se reja na fundação da igreja. Quando houver materiais suficientes, poderá começar a obra, precedendo as necessárias autorizações eclesiásticas e demais ordens administrativas. Espera finalmente essa presidência, que a comissão nomeada aceitará a incumbência, e que desempenhará com o reconhecido zelo religioso e patriotismo de seus membros.”

O Engenheiro Manuel Correa da Silva Neto, da Repartição de Obras Públicas Provinciais, endereçou em 21 de agosto o seguinte ofício ao presidente da Província:

“Tenho a honra de participar a V. Exa. que já se acha demarcado o lugar para a capela da nova freguesia de Belém, em cumprimento da ordem de V. Exa. que, em virtude de circunstâncias locais e de acordo com o proprietário do terreno, modificou-se a posição da capela por corresponder a ponto indicado na planta para a sua construção, a um ponto encharcado do terreno. Mandei organizar uma nova planta contendo a referida modificação, a qual será submetida à aprovação de V. Exa.

A BENÇÃO DA PEDRA FUNDAMENTAL

Em 20 de agosto de 1876, o vigário de Belém Velho, Barnabé Correa da Câmara, pediu licença ao governador do bispado, para ministrar a benção solene da pedra fundamental da igreja de Belém Velho. E em 4 de setembro recebeu o seguinte ofício de nº 360 do bispado:
“Em vista do que V. Revma. expediu em data de 20 do mês findo, o autorizo o fazer a bênção solene da pedra fundamental para a edificação da nova Igreja Matriz dessa freguesia, no lugar denominado Arado Velho, em terrenos para esse fim doados pelo respectivo proprietário Inácio Antônio da Silva, procedendo neste ato na conformidade do que dispõe o ritual romano. Em faculdade V. Revma. poderá transmitir a qualquer outro sacerdote aprovado na diocese”.
A bênção foi dada com toda a solenidade em 25 de setembro de 1876, pelo Arcedíago Vicente Zeferino Dias Lopes, com a presença das mais altas autoridades da Província. Na pedra fundamental foi colocada a seguinte ata:

“Aos vinte e cinco dias do mês de setembro do ano do nascimento do Nosso Senhor Jesus Cristo de mil oitocentos e setenta e seis, no lugar denominado Arado Velho desta Paróquia de Nossa Senhora de Belém, da Província e Diocese de São Pedro do Rio Grande do Sul, no império do Brasil, tem do por Chefe da Igreja Católica Apostólica Romana, o Santíssimo Padre PIO IX, imperando S. M. o Sr. Dom Pedro II, estando no governo da diocese o Exmo. Revmo. Sr. Bispo Dom Sebastião Dias Laranjeira, e no da Província o Exmo. Sr. Conselheiro Tristão de Alencar Araripe, achando-se presentes os Exmos. Srs.: Conselheiro Presidente da Província o Exmo. Sr. Barão do Caí e o camarista Joaquim Antônio de Oliveira Maia, representando a Câmara Municipal da Capital; o Exmo. Sr. General das Armas Barão de Jaguarão; o Exmo. Sr. Barão de São Borja; O Brigadeiro Ricardo José Gomes Jardim; o Exmo. Sr. Desembargador Luiz José de Sampaio; o Chefe da Sessão Naval; etc. Saíram em procissão da casa do Sr. Inácio Antônio da Silva (doador dos terrenos para a fundação da igreja, do império e mais terrenos para cemitério, casa de residência do pároco, escola, bem como iniciador da obra da igreja). A comissão dessa obra conduziu uma charola com a pedra e o seu respectivo tampo, para ser lançada no alicerce principal da referida igreja, e dentro dela ser depositado o presente auto. Tendo chegado a procissão ao referido local foi mandado pela comissão que se lavrasse esse auto que assinam as autoridades presentes, srs. de elevada graduação, os membros da comissão e muitos senhores que compunham o préstito. Em seguida foi este auto lido em voz alta pelo secretário da comissão, Luiz Belmiro da Silva Rosa, e encerrado em uma urna de zinco com moedas de zinco, prata e papel cunhadas nesse império e a urna foi metida em uma cava feita na pedra fundamental, a qual, sendo coberta por outra de igual tamanho, foi fechada e logo depois celebrou a bênção o Revmo. Sr. Arcedíago Vicente Severino Dias Lopes, legitimamente autorizado. E para em qualquer tempo constar lavrei o presente auto, deixando uma cópia para ser registrada no livro do tombo da paróquia”.

Transcrito do artigo de autoria do Pe. Rubem Neis, publicado no Correio do Povo em 1972
Extraído do site http://www.aquinomeubairro.com.br/belemnovo/historiabairro.htm

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